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Filosofia, Carnaval, Samba e História: a folia sob uma nova perspectiva

O auditório do campus Rio de Janeiro sediou, no dia 19 de fevereiro, a palestra “Filosofia, Carnaval, Samba e História”. Organizado pelo projeto “Conversas Filosóficas”, o evento contou com a participação de Felipe Filósofo, compositor da Unidos da Viradouro e da Acadêmicos do Sossego, professor de Filosofia do Liceu Nilo Peçanha e do Colégio Dôrval Ferreira da Cunha; e de Vinícius Natal, historiador, antropólogo, diretor cultural da Unidos de Vila Isabel e gestor do Museu da História e da Cultura Afro Brasileira.

O objetivo da palestra, segundo os ministrantes, era criar uma interseção entre o Carnaval e a Filosofia. O professor Vinícius Natal iniciou falando sobre a história do Carnaval e como ele foi inserido na sociedade. De acordo com ele, que acompanha escolas de samba desde pequeno, mais especificamente a Unidos de Vila Isabel, a data do Carnaval é calculada de acordo com o calendário cristão e ocorre sempre 40 dias antes da Páscoa. Ele disse ainda que é uma festa plural, ou seja, existem diversas maneiras de se comemorar o Carnaval. No Brasil, ele surgiu a partir de uma lógica colonizadora, através de Portugal, e foi “domesticado” pela elite.

O palestrante disse, ainda, que as escolas de samba são uma criação da classe popular para conseguir brincar Carnaval dentro das “amarras” impostas por uma sociedade dominada pela elite. De lá para cá, a festa popular tem sido reinventada, principalmente pelos foliões cariocas que criam constantemente novos significados para ela.

Com o intuito de fazer com que o público presente repensasse sobre escolas de samba e Carnaval, apesar de toda a folia, Vinícius salientou questões importantes que passam despercebidas pelo público em geral, como por exemplo a questão do gênero e raça. O papel da mulher dentro das escolas de samba, por exemplo, ainda é subestimado. A maioria dos departamentos femininos são encarregados de arrumar mesas ou receber pessoas, fora a objetificação do corpo feminino. “O Carnaval é mais um meio de reprodução da desigualdade”, disse.

De acordo com o professor de Filosofia do campus Rio de Janeiro e coordenador do projeto “Conversas Filosóficas", Tiago Barros, um dos principais objetivos do evento “Filosofia, Carnaval, Samba e História” foi evidenciar a importância cultural, artística, social e filosófica do maior espetáculo a céu aberto do mundo que está presente de modo intenso na rotina de diversas comunidades próximas ao campus em que o evento foi realizado.

“Ainda há muito preconceito em nossa sociedade com relação ao Carnaval e ao samba. Infelizmente, são bastante recorrentes críticas que consideram essas grandes artes populares brasileiras como meros entretenimentos superficiais necessariamente alienantes”, disse Tiago.

Felipe Filósofo falou sobre música, sobre compor e sobre a arte dentro do Carnaval. Ele citou alguns filósofos como Alexander Baumgarten, criador do termo “estética”, e fez com o que público se imergisse em dos temas da filosofia da arte: o conflito entre razão e imaginação. “O Carnaval é um dos ambientes em que menos se tem liberdade em termos de criação e imaginação da música”, disse.

Para Felipe, existe um fenômeno no samba enredo que o afasta cada vez mais do povo. Isso dá-se, principalmente, pela comercialização do samba; o foco não está mais no processo criativo. “Compor é capturar fragmentos de beleza do mundo e retribuir para o mundo outros fragmentos de beleza”, afirmou. Ainda segundo Felipe, a relação entre o samba e a Filosofia tem muito “papo” e a arte é uma grande aliada. Ele também incentivou o estudo do termo “inspiração” e, quando questionado sobre o desinteresse dos jovens pelo carnaval, Felipe disse que grande parte da culpa é das próprias escolas de samba e que uma das soluções seria a implementação de oficinas para atrair a atenção: “Afinal, são escolas de samba e precisam ensinar e, sobretudo, precisa haver uma sensibilização”, concluiu. 

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