NEABI promove roda de conversa sobre símbolos da identidade negra

O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) do Campus Arraial do Cabo organizou, no dia 4 de abril, uma roda de conversa sobre a importância do cabelo e do corpo como símbolos da identidade negra. Um dos principais temas discutidos foi a dificuldade das mulheres negras em aceitar seus cabelos diante da pressão social sobre o que é bonito e aceitável.

O evento iniciou com a exibição do curta-metragem "Kbela", que aborda a relação entre as mulheres negras e seus cabelos.

Muitos participantes compartilharam experiências pessoais com seus cabelos e como eles desempenham um papel na formação de sua identidade. A professora Cintia da Silva, Coordenadora do NEABI/ CAC contou que aos 28 anos passou por um processo de transição capilar e começou a se reconhecer como negra, uma vez que sempre se considerou morena. Ela ressaltou que a ideia de que o "cabelo bom" é o cabelo liso é uma norma social prejudicial que precisa ser questionada.

A estudante do curso técnico em Meio Ambiente, Ana Luiza Mendonça disse que está em transição capilar e que não conhece o próprio cabelo, pois desde criança passou por diversos processos de alisamento. Os participantes também falaram sobre os desafios que enfrentaram ao aprender a cuidar adequadamente de seus cabelos e a falta de recursos disponíveis para eles. Eles também discutiram como essa falta de conhecimento e apoio de suas mães e outros familiares muitas vezes se devia à falta de informações e recursos.

A conversa também abordou o impacto que os padrões de beleza e os filtros sociais têm sobre a autoestima das mulheres negras e a violência que muitas vezes é infligida a elas por não se conformarem a esses padrões.

No final, a conversa enfatizou a importância de abraçar as próprias características únicas e recuperar a identidade das normas e expectativas sociais. Ao fazer isso, os participantes esperam empoderar a si próprios e aos outros para desafiar a violência e a opressão que muitas vezes acompanham a não conformidade com os padrões de beleza sociais.

Colaborou: Verônica Trindade