IFRJ chega a Paraty com capacitação para comunidades tradicionais
O IFRJ vai ministrar um curso de Gestão e Manejo da Água para comunidades tradicionais de Paraty, na Costa Verde fluminense. O acordo – que envolve ainda o ICM-Bio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e a prefeitura do município – foi selado nesta quinta-feira, 3, na sede do poder municipal.
Assinado pelo reitor Paulo Assis - representado no ato pelo reitor substituto, Miguel Terra –, o documento prevê a oferta de um curso de formação inicial e continuada a populações residentes na Área de Proteção Ambiental (APA) de Cairuçu, onde vivem cerca de 2.000 pessoas. Serão 166h de formação, ministradas em módulos nos fins de semana. O texto do acordo também foi assinado pelo prefeito Carlos José Gama Miranda e pela chefe da APA, Lilian Hangae.
O próximo passo é criar o Plano Pedagógico de Curso (PPC), que depois será levado ao Conselho Acadêmico de Extensão (Caex). A ideia é lançar o edital de seleção no fim deste semestre. Estão previstas cerca de 30 vagas para a primeira turma, que deve começar em março de 2018. O formato da seleção ainda não foi definido.
Parceria foi construção coletiva, diz coordenadora
Coordenadora-geral de Programas e Projetos da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), a professora Rosângela Bezerra foi quem estabeleceu o primeiro contato entre o Instituto e a APA, quando levara até Paraty o projeto de extensão CinÊncia, que desde 2013 promove exibição e debate de filmes em escolas municipais do estado.
Depois de conhecer projetos desenvolvidos na Área de Proteção Ambiental, ela passaria a participar, no município, das reuniões do conselho consultivo da entidade: nas conversas, era sempre destacada a importância da água para aquelas comunidades e a necessidade de uma gestão mais equilibrada e sustentável desse recurso. Daí surgiu a ideia da oferta de um curso de formação inicial e continuada para moradores locais.
“Foi uma construção coletiva, não uma coisa pronta”, diz Rosângela, que participou do ato de assinatura do acordo na sede da prefeitura, ao lado da pró-reitora adjunta de Extensão, Lourdes Masson, e do reitor substituto, Miguel Terra. Ela destaca também o apoio da UFRJ, instituição que estabeleceu a aproximação com a APA local.
Segundo Rosângela, o acordo assinado estende a possibilidade de ações para qualquer programa e projeto de extensão do IFRJ, com a APA e a Prefeitura, no espaço das comunidades tradicionais de Paraty.
Área abriga indígenas, quilombolas e caiçaras
Criada por decreto em 1983, a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu compreende um espaço de mais de 34 mil hectares e abriga 62 comunidades tradicionais, entre duas aldeias indígenas, duas comunidades quilombolas, além de dezenas de populações caiçaras e de pequenos produtores rurais que vivem ao longo do rio Carapitanga.
A geóloga Lilian Hangae, chefe da APA, observa que a gestão hídrica na área tem impacto tanto na saúde dos moradores quanto no turismo local – sem controle da água de desuso, o rio desemboca poluído em um dos principais pontos turísticos de Paraty, a praia de Paraty-Mirim. “Estamos apostando em uma agenda positiva”, afirma Lilian.
Flávio Paim, analista ambiental do ICM-Bio, lembra que o conselho consultivo da APA elencara 25 ações prioritárias para a região, várias delas ligadas à gestão da água. “Para nós, é uma perspectiva de trabalho muito melhor que a encomenda, porque oferece uma perspectiva de capacitação”, afirma.