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Professores negros na Física, onde estão?

As inquietações no árduo e contínuo processo da inclusão social é um tema recorrente e sempre relevante nas discussões em termos da realidade atual e do que é preciso fazer para se atender as demandas que não podem mais ser desprezadas quando se fala em evolução da educação. O livro Do Campo à Cidade: propostas para um educação inclusiva, é um bom exemplo das dificuldades e das possibilidades no atual cenário.  

O professor Artur Vilar, do Camus Nilópolis do IFRJ, é autor de dois capítulos do livro e aqui ele nos fala de sua colaboração e dos desafios em tocar em temas tão essenciais na construção de um país mais igualitário.

CGCOM - Como se deu a sua participação na publicação?

Artur Vilar - Os dois capítulos publicados no livro “Do campo a cidade: propostas para uma educação inclusiva” tem origem na minha participação no I Workshop Ibero-Americano de Educação Inclusiva, realizado em 2021 e organizado pela UFRRJ, UERJ e Universidade do Porto.  São consequências, também, da realização de meu estágio de pós-doutorado no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (PGEBS/IOC/Fiocruz) e de minha atuação no NEABI do Campus Nilópolis do IFRJ.

 CGCOM - O primeiro capítulo tem a ver com deficiência visual, certo?

AV - Trata do ensino de Ciências, com destaque para a Astronomia, para alunos com deficiência visual. O texto foi escrito por mim, pela professora Maria da Conceição de Almeida Barbosa-Lima (UERJ e IOC/Fiocruz) e por nosso orientando, o licenciando em Física da UERJ, Mateus Oliveira. Utilizamos os trabalhos de Lev Vigotski para discutir a deficiência visual através da História, a ideia de compensação, a importância da inclusão e para propor a construção e utilização de mapas celestes táteis.

 CGCOM – No segundo, o tema é bem específico, pois tem a ver com a questão racial em uma determinada área de atuação.

AV-  “Reflexões sobre a inclusão de professores negros na Física” foi escrito por mim e pela minha amiga e supervisora de pós-doutorado Maria da Conceição de Almeida Barbosa-Lima. Trata-se de uma discussão direta e contundente sobre a baixíssima presença de professores e professoras negras em sala de aula e, mais do que isso, em posições de coordenação, direção e lideranças, de uma forma geral. Discutimos o conceito de racismo institucional e apresentamos os resultados de um questionário respondido por professores de diversas regiões do Brasil. Por fim, são apresentados relatos de episódios de racismo vividos por professores e licenciandos de Física. São passagens duras, frequentes e que reforçam a certeza da estruturalidade do racismo na sociedade brasileira.

CGCOM - Especificamente sobre a inclusão de professores negros na física, como o senhor vê essa questão hoje em dia e quais são as suas perspectivas de mudança no atual cenário?

 AV - Essa é uma reflexão necessária, urgente, imperativa e que deve ser feita por todos da academia. Não é possível tratar como natural a baixa formação de professoras e professores negros na Física. Mais do que isso, precisamos não mais ignorar que esses docentes e pesquisadores raramente chegam aos cargos de liderança e tem acesso reduzido aos fomentos e aos laboratórios, prevalentemente brancos, não só nas paredes, mas também nas pessoas que os frequentam.

 E será que, nós professores, temos como enfrentar um problema tão gigantesco? Com certeza, sim! Já será um grandioso avanço se utilizarmos e cobrarmos a aplicação das leis 10.639 e 11.645 que estabelecem a obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira e indígena na educação básica. A solução também passa pela manutenção da política de cotas e pela valorização dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas.

 O professor conclui “Gostaria de agradecer a colaboração dos colegas autores dos capítulos e aos organizadores do livro, os professores Frederico Alan de Oliveira Cruz (UFRRJ), Maria da Conceição de Almeida Barbosa-Lima (UERJ/IOC-Fiocruz), Luciana Lima Albuquerque Veiga (SEEDUC-RJ) e Paulo Simeão de Oliveira Ferreira de Carvalho (Universidade do Porto”.

Artur Vilar é:  Licenciado em Física pela UERJ. Mestre em Física pelo CBPF e  Doutor em Ciências em Engenharia Nuclear pela COPPE-UFRJ. Atualmente, realiza estágio de pós-doutorado no Programa de Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, onde realiza atividades de pesquisa, ensino, extensão e gestão. Tem interesse e desenvolve pesquisas nas áreas de Ensino de Física, CienciArte, Educação Inclusiva, Educação Antirracista, Física Experimental e Instrumentação Científica.

 

 

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